quarta-feira, 30 de junho de 2010

XVII


"Quando da bela vista e doce riso

Tomando estão meus olhos mantimento,

Tão elevado sinto o pensamento,

Que me faz ver na terra o Paraíso.

Tanto do bem humano estou diviso,

Que qualquer outro bem julgo por vento:

Assim que em termo tal, segundo sento,

Pouco vem a fazer quem perde o siso.

Em louvar-vos, Senhora, não me fundo;

Porque quem vossas graças claro sente,

Sentirá que não pode conhecê-las.

Pois de tanta estranheza sois ao mundo,

Que não é de estranhar, dama excelente,

Que quem vos fez, fizesse céu e estrelas."


Já diria Camões...

sábado, 26 de junho de 2010

Mente inconveniente

"Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento"
(Soneto de Fidelidade, Vinícius de Moraes)

Não dá, eu precisava escrever sobre isso. Ainda que às 2hs da madrugada. Ainda que com muito sono. Ainda, ou melhor, sobretudo porque não tinha parado pra raciocinar sobre o assunto.
E é justamente esse o ponto: raciocínio. Desde pequeno[SIM, já fui pequeno] eu criei [ou fui levado a criar] certos bloqueios, certas barreiras, as quais me fizeram acreditar que precisava ter muito tempo pra pensar no que fazer, antes de fazer qualquer coisa. Não vou conseguir citar situações como essas, mas acredito que não sejam tão difíceis de se imaginar.
O fato é que esse tempo pra pensar tomava[toma] o tempo de agir e eu acabava[acabo] pensando muito e chegando à conclusão de que não vale à pena arriscar; ou porque a hora de arriscar já tinha passado[passou?] enquanto eu pensava, ou porque realmente havia[há?] algo que faça não valer o risco.
Mas há momentos em que as coisas realmente passam a acontecer como nunca aconteceram.
E pra mim é muito nítido que as coisas não estão normais quando começam a chover clichês e frases prontas, justamente como aquelas que eu sempre achei[acho][acho?] besteira dizer, como: “Está tudo acontecendo rápido demais”, “Não quero confundir as coisas” e coisas do tipo.
Agora vem a parte mais difícil de [d]escrever... têm horas em que tudo - sentimentos, ações, pensamentos e reações - fazem o maior sentido do mundo. Tudo flui facilmente e não há motivos pra se pensar. Mas têm horas em que "a ficha parece cair". Mas não é que a realidade volte trazendo consigo a verdade e a coerência. Não. Essa realidade que volta só confunde mais as coisas.
E é muito estranho, chega a ser cômico. Em um momento tudo faz sentido e faz bem. Estar onde estou, com quem estou, escutando o que escuto e falando o que falo. No instante seguinte bate a dúvida: “Que que eu tô falando? Quanta bobagem. Que que eu tô fazendo? Que que eu tô fazendo aqui?”. E é nesse instante - que acaba de chegar, derrubando o sentido do texto - que eu volto a raciocinar. Inevitavelmente. Inoportunamente. Inconveniente mente.

terça-feira, 22 de junho de 2010

Quem sabe um dia...

"Is it getting better?
"Is it getting better?
Or do you feel the same?
Will it make it easier on you now?
You got someone to blame"
(One, U2)

Não dá pra entender. Nem o The Sims explica pessoas do mesmo signo se dando tão bem. Como explicar as que se separam por 1 dia?
E é engraçado como um dia pode ser várias coisas ao mesmo tempo. Nesse caso 1 dia significa muito. Por vários motivos.
A começar porque 1 dia separou os dois por quase 1 ano e meio. Enquanto o dia na Cásper de um terminava de manhã, o dia do outro começava a tarde, quando o dia do primeiro já estava longe.
Também porque 1 dia separa os aniversários dos aquarianos mais malucos que o Mundo, a Cásper e o JUCA já viram.
Aliás, 4 dias de JUCA. Mas num é que conseguiram aproveitar cada momento pra fazer piadas, dar foras, dar risadas, dar foras, inflar o ego, comer pizza, dar foras, fazer piadas, assistir jogos e, ah, dar foras. Sim, os foras foram os que mais se repetiram. No entanto nenhum dos dois parecia ligar ou se intimidar.
E 1 dia separavam aqueles cuja previsão eram apenas 4. Afinal, em [bem] mais de 365 não haviam sequer se cruzado. Porque haveria de ser diferente dali pra frente? No fim das contas os foras pareciam necessários. Era o que ligava o jeito de um para com o outro. Era engraçado; é engraçado.
Isso porque, em um dia, o tabu que os separava se quebrou. Uma prova, um dia alterado pra noite [tal qual o do outro] e o Oi acabou vindo como se fosse inevitável. Quis o destino que fosse justamente no aniversário de uma pessoa querida em comum. Justamente em um aniversário. Não poderia ser em outro dia.
E aí se seguiram mais piadas, mais sorrisos, mais foras... E veio a noção de que não precisaria continuar a ser um tabu o fato de um dia os separar. O telefone, que só um pegou, o MSN, que só o outro pegou, mostraram aos aprendizes de Comunicação que o que eles se propuseram a aprender por 4 anos pode ajudar a manter o que 4 dias apresentaram.
Quem sabe um dia a gente aprenda.

sexta-feira, 18 de junho de 2010

TOP 15

"When I say to you that theres nothing else to do in my room
And when you say to me that theres really nothing else to do
Then I'll get up and freakin walk around and try not to blink
Then I'll get out of here and say that theres nothing to do"
(Nothing to do, 2Pac)


Sim. É estranho. Mas fazer o que? Cresci ouvindo esse e outros tipos semelhantes de música enquanto esperava a van me levar pros melhores colégios particulares da cidade. A cara de Nerd não gera desconfianças, até pelo fato deste não ser minha única preferência musical. Mas, de qualquer forma, não faço questão nenhuma de esconder o que curto. Curte também? Aproveita. Não curte? Sei lá, faz o que quiser.

Foi difícil escolher 15 dentre as mais de 100 músicas que eu tenho do gênero. Mais difícil ainda ordenar porque, dentre estas, não tenho muito o que diferenciar. Fui pela música, pela história, pela sensação que passam.

Senhoras e senhores: Black Music.

PS: Fica registrado, aqui, um abraço ao colega de Palmeiras, colega de profissão(já que num precisa de diploma mesmo, porque não), colega de Blogspot, colega de música, enfim... ao amigo DaLua. Boa sorte, cara!


15-) Baby Boy Da Prince -The Way I Live


14-) Flo-Rida ft. Will.I.Am and Fergie - In the Ayer


13-) Baby Bash ft. T-Pain - Cyclone


12-) 50 Cent ft. Olivia - Candy Shop


11-) T.I. and PSC (Pimp Squad Click) ft. Young Droop - Do Ya Thang


10-) Flo-Rida ft. T-Pain - Low


9-) 50 Cent - In da Club

8-) Lil Jon and The Eastside Boyz ft. Ying Yang Twins - Get Low


7-) Ne-Yo - Mad


6-) Eminem - Lose Yourself


5-) Cassie - Me and you


4-) Jay-Z ft. Alicia Keys - Empire State of Mind


3-) Ludacris - Act a Fool


2-) DJ Unk--Walk It Out


1-) Chamillionaire ft. Krayzie Bone - Ridin' Dirty

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Na boa, não tinha visto mais da metade destes clipes, mas as músicas eu tenho, curto e, pra quem interessar, recomendo. Tentei achar os clipes oficiais de todas mas pra algumas nem rolou. Enfim, é isso. Críticas, elogios e sugestões à vontade.

sábado, 12 de junho de 2010

Sua cara!

"Help! I need somebody...
Help! Not just anybody...
Help! I know I need someone...
Heeeeeelp!"
(Help!, The Beatles)


Adoro quando alguém diz "Sua cara" quando revelo algo que fiz ou falei ou pensei. Porque, no fundo, [lá vem o mimimi] isso mostra que eu passo uma identidade. Agora, de vez em quando, nem eu mesmo sei se tenho ou quero ter mesmo a identidade que eu passo.
Tá, ficou confuso. Mas é simples. Nas últimas semanas fiz algumas coisas que me deram um estereótipo um tanto quanto pesado. A imagem de uma pessoa altruista ao extremo, que adora ajudar as pessoas e pensa nos outros o tempo todo. A princípio uma boa imagem, mas acaba se tornando algo irreal e, logo, um peso com o qual eu não sei se consigo lidar. Vou dar um exemplo; a história é longa, mas vale a pena [eu acho].
Na última sexta-feira eu esqueci que a bateria do meu celular tinha acabado e que, logo, não despertaria. Acordei às 6hs [2hs de atraso] com créditos ao sr. de Paula. Saí correndo pensando que o último ônibus que poderia pegar para Sampa era o que saía às 6h20 de Jundiaí; caso contrário iria de trem pra, já que ia chegar atrasado mesmo, pelo menos economizar a grana. Quando cheguei na garagem dos ônibus vi um deles saindo e pensei: "Fudeu. Agora vou de trem."
No caminho para o Terminal Ferroviário, que fica a 100 metros da garagem de ônibus, eu vi um cara quase no meio da rua andando despreocupado. Só depois de uns 5 segundos olhando pro sujeito percebi que ele usava uma bengala e, 1 segundo depois, que era cego. Pensei: "Já tô ferrado mesmo" e me apressei em direção ao cara:
"- Ei! O senhor tá no meio da rua! Quer ajuda? Tá indo pra onde?"
"- Opa, quero sim. Tô indo pro fim da rua ali. Quero ir pra padaria. Pra padaria no fim da rua ali. Na padaria."
Enquanto eu achava engraçado o fato do ceguinho falar "ali" eu apoiava a mão esquerda dele no meu ombro. Ele sem a menor pressa ia andando e dando bengaladas no chão enquanto eu tentava tirá-lo rapidamente do meio da rua.
Durante o caminho até "ali" eu ficava atento aos obstáculos enquanto ele resmungava coisas que variavam entre "Deus me ajuda", "Pegaram até meu boné. Nem ligo." e "Mas também! Olha o tamanho do rapaz. É o Magic Johnson!(sic)"
Depois de 8min guiando o senhorzinho e de deixá-lo na padaria [até onde ouvi] gritando "Seu Joel! Seu Joel! O rapaz me troux...", eu fui correndo pro Terminal; já pensando em ligar pra algum colega e ver como eu resolveria o fato de que teria prova na primeira aula e chegaria atrasado.
No caminho olho novamente pra garagem dos ônibus e vejo um parado, com passageiros embarcando rumo a São Paulo; e percebo que o primeiro que vi saíra atrasado e que este seguia o mesmo caminho.
Corri pra garagem e pedi para o motorista esperar, que era urgente. Enquanto ele resmungava, comprei a passagem e me joguei dentro do ônibus; feliz da vida [sim, porque ajudei o ceguinho, mas também porque, pelo ônibus estar atrasado, o motorista iria voando pra São Paulo e, logo, eu chegaria em cima da hora. Mas ainda a tempo de arranjar uma desculpa pra fazer a prova].
Moral da história: ajude ceguinhos! Brincadeira. É um bom conselho, mas não é essa a moral.
Falando sério, às vezes parece que eu conto e faço as coisas pensando em como eu vou ser visto por fazer ou falar essas coisas. Não queria que fosse assim. Também não queria passar a impressão de que ajudo qualquer um. Não é verdade. Não sou Gandhi, nem Jesus[, nem Magic Johnson]. Me sinto bem, sim, quando ajudo alguém. Mas num me sinto na obrigação de ajudar a todos só porque, nos últimos dias, têm aparecido situações que me exigiram uma atenção especial ao que se passava ao meu redor. Salvo raras excessões, como esta, eu ajudo quem eu gosto, porque quero. Não é por caridade, por altruismo, muito menos por obrigação ou por medo de ficar com peso na consciência.
Quero passar uma boa impressão? Sim. Formar uma boa identidade? Com certeza. Mas, assim como todo mundo, quero fazer simplesmente o que me faz bem. Só isso.

quarta-feira, 9 de junho de 2010

All-in

"Popopopoker face
Popopoker face
Mamamama...
"
(Poker Face, Lady Gaga)
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Eu aposto que você adorava fazer aquela brincadeirinha maldosa, a famosa “travessura” quando era criança. Aposto que se sentia “A” criança malandrona quando fazia alguma coisa errada... Até descobrirem, óbvio. Aposto que adoraria encontrar um lugar onde seus maiores defeitos se tornassem as mais valorosas das virtudes.
Sabe, eu achei. Tá certo que não é bem um “lugar”, mas o importante é o que importa. Porque eu dificilmente me sinto mais a vontade em qualquer outro lugar do que em um jogo de Poker.
A começar pelo fato de que um jogo de Poker não começa sendo só um jogo de Poker. Antes rola o churrasco, as conversas, as piadas, de vez em quando um futebol, um pingue-pongue ou qualquer outro jogo que dê vontade de jogar na hora.
Mas, é quando o Poker vira apenas Poker que eu me sinto em casa. Porque é nessa hora que alguns daqueles defeitos chatos que eu tenho viram qualidades.
É nessa hora que eu posso ficar quieto, sossegado; mesmo estando rodeado de pessoas que eu considero. É nessa hora que eu posso ser competitivo sem limites, porque tudo depende de mim. Se eu perder, foi porque errei. Não tenho o direito de explodir com ninguém; como sempre acontece em outro tipo de jogo; como eu sempre sei que vai acontecer, mas nunca consigo controlar e, como sempre, me arrependo.
Também é nessa hora que eu posso me testar sem problema algum. Ver até onde eu consigo ser convincente, até onde posso me superar, e até mesmo até que ponto consigo ser “O” malandrão e enganar quem tá jogando comigo. Exatamente como gostava de fazer quando era criança.
Também adoro apostar, o que no Poker é fundamental [Ah vá! ¬¬]. E nessa hora gostar e, principalmente saber apostar, intimidar, arriscar é essencial.
E por fim, num jogo de Poker eu posso ficar observando a reação das pessoas, não só às apostas, mas sob qualquer circusntância. A diferença é que no Poker ninguém acha isso estranho. Ficar olhando fixamente pras pessoas, aprender com seus gestos, suas ações, suas reações.
No fim das contas, de duas uma: ou o jogo vira brincadeira de criança ou, pelo menos, viro “A” criança malandrona de novo.

terça-feira, 1 de junho de 2010

Sonâmbulos Anônimos

"Felicidade é como a pluma,
Que o vento vai levando pelo ar.
Voa tão leve, mas tem a vida breve.
Precisa que haja vento sem parar..."
(A Felicidade, Tom Jobim e Vinícius de Moraes)


Não precisa ser muito. De vez em quando "apagar por umas 2 horinhas" já é o suficiente.
Não sei até que ponto dormir [bem] faz bem à saúde mas, bem ou mal, dormir tem me ajudado a esquecer tudo de ruim que me acontece e/ou me perturba ao longo dos dias. Acho que virou rotina, dependência talvez.
Dormir bem nunca foi meu forte. A insônia nunca me deixou descansar tanto quanto eu sempre gostaria. Por vezes me irritei por ter ido me deitar às 10 da noite e, quando bateu a curiosidade [preocupação], o relógio me dizer que já era 1h da manhã.
Acho que com isso eu já me conformei. Não consigo me concentrar em dormir. A cabeça não deixa. Insiste em ficar me mostrando flashes de todos os momentos marcantes, não só os tristes [Ufa!], mas simplesmente marcantes que fizeram parte do meu dia. Portanto percebi que não seria prudente fazer disso [mais] uma preocupação. Simplesmente fico pensando, de pirraça; testando minha cabeça; vendo até onde ela aguenta sem descansar. E então, uma hora ou outra, o apagão chega.
E o sono, ainda que em gotas, se tornou a mais eficiente válvula de escape. Não pelos sonhos, que, aliás[, compreensivelmente], vêm sumindo. Mas sim pelo simples fato de se desligar daquele dia.
Parece que só apagando eu consigo esquecer, tanto dos probleminhas que surgiram nas últimas 24 horas, quanto dos [muitos] "grandes problemas" que, cada um em um dia[, ou até todos de uma vez em outros], voltam à tona e me deixam mal.
Até por isso, então, parei de achar ruim quando o despertador toca aquela música [em volume madrugadamente alto, ainda que seja uma melodia] calma e animadora. Não acho mais tão ruim. Mesmo eu só tendo "apagado por umas 2 horinhas". A questão não é quantidade, não mais. A força não vem, ou não tem vindo, das horas de sono; mas simplesmente do sono, em si.
A música que me acorda, afinal, só está me tirando aquilo cuja única função passou a ser a de me [re]fazer calmo, consciente, coerente, completo [e qualquer outro adjetivo legal que comece com "c"].
Missão cumprida? Dane-se o sono, então. Quem precisa dormir quando se está de bom humor?