domingo, 17 de outubro de 2010

Plenitude

"Here we go again
She's back in town again
I'll take her back again
One more time
Here we go again
The phone will ring again
I'll be her fool again
One more time"
(Here we go again, Norah Jones)


É engraçado. Quando eu me propus a criar este blog, eu queria tanto um lugar onde eu pudesse escrever minhas bobagens sem me preocupar com nada. Porque tipo, o blog não seria algo informativo, algo que eu ficaria pedindo [o tempo todo] para as pessoas [ainda que as mais importantes] lerem e darem sua opinião. Fiz isso um pouco, uma vez com cada pessoa. Para cada pessoa uma situação.

Acontece que, como pode ser notado, ao longo dos tempos, ou melhor, ao longo do pouco tempo no qual mantive esta página atualizada, aconteceram uma série de confusões e instantes chave na minha vida, os quais me fizeram ver somente um ponto dos meus dias e, consequentemente, escrever somente sobre ele. Sobre ela.

Pois é. Já fazem quase 3 meses que não escrevo. Não só por falta de tempo, embora seja, sim, o principal motivo. Não queria escrever um texto isolado [como este] para depois passar mais dias e dias sem nem ao menos entrar no meu próprio blog para ver se alguém chegou a ler tantas bobagem e trocadilhos bestas.

Mas dessa vez é diferente. E não estou somente falando da situação. É diferente. Hoje fazem 3 meses e meio que ela está na minha vida. Na boa, 3 meses e meio! “Quase quatro”, porque ela gosta de arredondar pra cima. [rs]

É engraçado. Em quase quatro meses muita coisa acontece. Muita mesmo. É legal ver que a cabeça de dois seres humanos [nem tão] diferentes entra em uma sintonia ainda maior do que aquela que fizeram ambos tentarem serfelizes um ao lado do outro. É legal perceber que a vida de um passa a ser a vida do outro, o que remete a ficar preocupado se o outro está triste, é ir atrás da pessoa quando você sabe que ela precisa [ainda que ela evite], é ouvir coisas que não gosta e, por mais que doa, perdoar em questão de segundos só de ver o olho do outro brilhando e dizendo: “Me perdoa. Eu me arrependo muito”.

Arrependimento é um sentimento nobre. Que cativa. Que comove. E muitas vezes ele surge quando não podemos mais mudar certas situações. Se arrepender em tempo de voltar atrás, e criar coragem para voltar atrás é algo que não pode ser ignorado. E se já é difícil voltar atrás, imagina voltar do começo?

É engraçado. Respirar fundo, e dizer para a outra pessoa com a maior certeza do mundo: “Vamos começar do começo?”. Nunca uma redundância fez tanto sentido. Porque hoje, 3 meses e meio depois, todas as voltas e reviravoltas me fazem perceber que era tudo necessário, tudo planejado, tudo calculado para que hoje, 3 dias inteiros perto dela, eu pudesse virar para trás e ver que toda a felicidade de hoje dependeu de tanta confiança, tanto companheirismo, tanta amizade, tanto amor.

Falar sobre amor é clichê. Nunca fui muito fã de falar "amor". Nunca senti algo que me fizesse pensar que eu realmente amava alguém. Mas com ela é diferente. Ela me faz sentir feliz somente com um sorriso. E me faz não me sentir quando algo além disso acontece. Ela me faz sorrir sem nem mesmo estar comigo. Ela me faz pensar na nossa história [linda] ao mesmo tempo em que me faz planejar mais momentos para que nossa história nunca deixe de ser o que, hoje, já é: perfeita.

Por isso, só por isso, por tudo isso, hoje é diferente. Não ligo de passar mais 3 meses sem escrever... Se daqui três meses eu estiver escrevendo sobre ela de novo.


segunda-feira, 19 de julho de 2010

Fine


He's never been lonely
She takes his hand and all his troubles step aside
He's never felt like this before,
But he'd like to try

'Let Yourself in', it's all he's thinking about
'Let Yourself in', now he's singing out loud

I'm feeling like my life has just begun
And I'm feeling fine
I fell so alive, singin'
I'm feeling like my life has just begun
And I'm feeling fine
So fine, fine, fine

She lightens up his morning
All of his plans seem so damn easy to decide
It's not about just feeling lonely
It's more, just give it a try

'Let Yourself in', it's all he's thinking about
'Let Yourself in', now he's singing out loud

I'm feeling like my life has just begun
And I'm feeling fine
I fell so alive, singin'
I'm feeling like my life has just begun
And I'm feeling fine
So fine, fine, fine

I can't wait to find my way home
I can't wait to get to start
It will not be done, until it's all begun

6x5

"(...)
- Eu ilumino seus dias.
- Ei! E essa pretensão aí?
- Mas é verdade.
- Tá. Só me explica como cabe tanta pretensão dentro de uma pessoa tão pequena?
- É que meu coração é grande.
- Deve ser bem grande, mesmo.
- É sim, cabe você dentro dele."

domingo, 18 de julho de 2010

InTenso


I know a girl
She puts the color inside of my world
But she's just like a maze
Where all of the walls all continually change
(Daughters, John Mayer)


Ela me falou tanto desse texto, me cobrou tanto que, agora, eu estou com medo que soe forçado.
Aliás, nem tenho medo. Acho que ela sabe que não é. E eu sei que ela sabe disso. E ela sabe que eu sei que ela sabe disso, mesmo se confundindo nos saberes de vez em quando. rs
Quando ela apareceu eu já estava bêbado. Ela, então, nem se fala. Veio com um papo do qual eu não queria falar. Uma briga besta, que por mais que pareça que exista, não passa de intriga da oposição [ou não].
O papo fluiu muito fácil, naquela ladeira na qual acabávamos de passar um bom tempo com um baita espírito de integração, tal como qualquer trote.
E sim, eu já sabia de tudo o que se falava dela. Já sabia de tudo o que ela tinha falado. Já sabia de tudo o que foi falado que ela tinha feito. Já sabia de tudo o que ela tinha falado de mim.
Mesmo assim, não liguei. Ela parecia tão alegre, tão feliz, tão inocente naquela conversa que me deixou intrigado em saber um pouco mais sobre ela. Quis descobrir um pouco mais do que se passava na sua vida e porque ela era [e se era] como era.
Então veio o Orkut e o MSN, iniciativas básicas pra quem quer conhecer outra pessoa. E no MSN tudo se desenrolou de uma forma que nenhum dos dois imaginava.
O estilo de vida dela me deixava meio idiota. Meu modo racional de ver tudo se confundia com o “foda-se” que ela deixava transparecer em cada frase. E, na boa, não quis julgar seu modo de agir e pensar, mas acabei julgando e vendo que era muito do que eu mesmo sempre quis fazer e pensar, mas nunca tive coragem.
E então me deixei levar, e prometi a mim mesmo tentar, até o fim, conhecer esse estilo tão romântico e idealizado [sem julgar se é bom ou ruim] que eu estava conhecendo pela primeira vez.
E como parte da promessa, jurei ser sincero ao máximo. Dizer quando discordava, dizer quando concordava [quase nunca], dizer quando estava feliz e, principalmente, dizer quando estava triste.
Sim, pra mim esse foi o essencial. Ela me ouvia e não ficava entediada com meus problemas. E contei os mais sérios que já contei pra alguém. Não os mais sérios que tenho, por falta de coragem que, quem sabe, um dia vou ter. Mas, pra mim, o fato dela me fazer sentir à vontade pra ser triste de vez em quando me deixava muito feliz.
E, mais do que isso, me ajudava. Mais do que pensava ajudar.
Aliás, engraçado que, no começo de tudo, ela achava que quem ajudava era eu. Pobre mente inocente que não via o quando era importante pra essa mente besta.
Trocaram telefones, e por ele ocorriam os desabafos mais instantâneos. E a amizade foi se fechando, se compactando. Foram tomar um sorvete em uma segunda-feira qualquer. Coisa simples, mas que nenhum dos dois se imaginava fazendo á toa, como naquele dia.
E, depois de um tempo, os problemas de cada um já tinham se tornado pequenos. Um já tinha mudado o outro e, desde então, passaram a falar dos problemas que passaram a ter, desde então. Porque tudo o que tinha antes virou passado, virou a base da amizade que nunca imaginariam que teriam, mas, acredito eu, sempre quiseram ter.
Hoje, depois de tanto tempo, ainda que em 6 meses, a incerteza [ciúmes bobo] dela fizeram-na ter a dúvida da força de tal amizade. Porque o tempo dedicado à ela, inevitavelmente, foi divido pelo tempo dedicado a outro tipo de relacionamento que os dois - engraçado - praticamente juntos, começaram a ter.
Ela já havia dito que tinha ciúmes de seus amigos. Tinha medo de perdê-los quando eles se envolvem. E, recentemente, tinha me chamado daquilo que, no começo, era brincadeira. Pois é, era.
Porque, hoje, não duvido, não nego, não me envergonho nem me arrependo de ser seu “Best”.
E espero que, agora, lendo cada uma dessas palavras, mais do que ter certeza da sinceridade delas, quero que ela deixe de bobeira e perceba o espaço que ela já tem, já garantiu, já mereceu, já conquistou.
E que continuo a achando como a menina que vejo, ou melhor, que não consigo ver maldade. Como tantas vezes já lhe disse. Como tantas vezes ainda vou dizer. Como a vi desde o começo. Como a vou ver sempre.

sábado, 17 de julho de 2010

Saturday Part I



Fly along with me
I can't quite make it alone
Try to make this life my own
I'm looking to the sky to save me
Looking for a sign of life
Looking for something to help me burn out bright
I'm looking for a complication
Looking cause I'm tired of trying
Make my way back home when I learn to fly
(Learn to fly, Foo Fighters)


O ápice da banda foi, com certeza, no aniversário do baterista. Foi tudo planejado. Faríamos uma apresentação única [que, no final, acabou sendo única mesmo, porque só fizemos esta].
Enquanto acertamos [só o horário de] um último ensaio - coincidências à parte - em um sábado, o baterista já tinha acertado de chamar uma equipe de som e alugar amplificadores pra todo mundo. Tudo pra que o “show” fosse perfeito.
Os detalhes da apresentação eram acordados enquanto, no ensaio, todo mundo parecia estar dormindo. Deu tudo errado.
Alugamos o estúdio de gravação do Nicolai [o melhor] por 3 horas. E, é sério, em nenhum dos 180 minutos conseguimos tocar uma música sequer sem erros. Foi uma mistura de nervosismo pré-primeia apresentação, com uma prepotência de quem achava que já estava craque nas músicas que tinham se proposto a tocar.
A ordem das músicas já tinha sido definida dias antes e, inclusive, já tínhamos feito ensaios seguindo a ordem. Mas a idéia de que aquele ensaio era pra valer mexeu com o pessoal.
Faltando meia-hora pra acabar o horário, simplesmente desistimos. Saímos do estúdio sem os instrumentos e sentamos no lado de fora, cabisbaixos, e com um conformismo inaceitável no peito.
Pegamos [compramos] uns amendoins e umas águas e ficamos sentados naquele sábado à noite. A garagem protegia do sereno e do vento e deixou o grupo à vontade pra simplesmente ficar olhando pro céu estrelado e tentando se reanimar.
Sabe-se lá de onde tiramos forças, mas simplesmente deu vontade [quase que em uma epifania do grupo] de alugar o estúdio por mais 1 hora. Fomos, então, até o Nicolai que não negou.
Então alguns voltaram para a garagem, pegar mais um pouco de ânimo antes de voltar enquanto eu e o guitarrista solo voltamos pro estúdio brincar. Ele começava a tocar as músicas e eu acompanhava na bateria, cantando. Foi bem legal.
Dez minutos depois chegou o resto do pessoal e fizemos uma espécie de preleção antes de ensaiar pela última vez:
Bom, galera. Faltam 35 minutos e nosso playlist é de 9 músicas[das mais loucas e estranhas possíveis - vide final do post]. Vai ter que rolar de uma vez. Tal como se fosse no show. Então vamos fazer o que der e sair daqui, pelo menos, sabendo que fizemos o que podíamos. A gente sabe tocar essas músicas, já tocamos e vamos acertar essas filhas da p... pelo menos dessa vez, firmeza?
E começou. Um olho nos instrumentos/microfones e outro no relógio. Isso quando o olho não estava fechado, concentrado nas músicas que estávamos tocando.
E a primeira música foi simplesmente perfeita. Sem erro, sem quebra de ritmo, sem desafinação, nada. Terminando a primeira a empolgação tomou conta de todos, mas o baixista já puxou a segunda, lembrando que o tempo era curto. A animação foi ao máximo e a segunda rolou tão perfeita quanto a primeira.
A essa hora já era nítido o sorriso bobo de cada um dos 6 naquele estúdio. E assim se seguiram todas as outras 7... perfeitas! Sem nenhum errinho qualquer. Nada a reclamar.
Estouramos o tempo, sim. Pedimos desculpas ao Nicolai que, vai saber se pela alegria ou por saber que éramos clientes fiéis de seu estúdio, entendeu numa boa.
Só sei que nunca foi tão bom desmontar, guardar e levar tudo de volta. Foi sensacional!
Ríamos demais no caminho para os carros e não parávamos de dizer que se o ensaio foi tão bom, não tinha porque ter medo da apresentação. A confiança tomou conta.
Enquanto cada um ia pro seu canto, eu fui com o guitarrista solo e com o guitarrista base [grave] pra casa do último. Já com a voz meio estourada por 4 horas de ensaio e preocupado com o dia seguinte.
Chegando ao apartamento dele fui acalmado ao ver um spray de própolis com mel e, após espirrar umas 800 vezes o conteúdo do spray, evitei ao máximo falar o que quer que fosse. [Sim, foi difícil, porque eu falo muito pouco, sabe...]
Mas não consegui parar de rir quando, chegando no quarto onde dormiríamos, encontrei uma sacola deixada pra mim.
Minha mãe no papel de produtora, assessora e figurinista do vocalista da SPI simplesmente comprou uma kit completo pra eu usar no dia seguinte. Foi muito engraçado rir com os caras da corujice enquanto tirávamos cada peça da sacola. Tinha tudo. O boné, a camiseta, a bermuda, o tênis... Haha, tudo novinho.
Depois disso fomos pra sala ver um DVD do Pink Floyd, porque depois de todo o stress que rolou no estúdio, nada melhor que viajar com algo bem psicodélico.
Dormimos em seguida e sabe-se lá se foi sonho ou a imaginação que tomou conta da cabeça de cada um naquela noite.
No dia do show estava tudo preparado. Enquanto o pessoal comia churrasco e alguns se arriscavam a jogar bola na garoa, montávamos a aparelhagem em um quiosque pequeno, mas coberto, o que parecia ser fundamental sob o risco iminente de uma tempestade.
Terminado de montar, todo foram curtir enquanto eu fiquei por uma hora só falando “Som, sssssom, testando, tesssstando. Um, UM, um, dois, testando, ssssoom, soom, um, dois, três”.
No começo a vergonha apareceu, mas depois de levar uma bronca do técnico de som eu liguei o foda-se e foi tudo numa boa.
Legal foi quando pediram pro guitarrista solo ir ajustar o som [ele foi o último]. Porque enquanto ele ajustava, me chamaram e pediram pra darmos uma ensaiada rápida, o que ligou a atenção do pessoal que começou a se juntar no quisque.
Logo em seguida os outros caras da banda voltaram e começamos a nos arrumar pro show. Vocalista e baixista na frente, com guitarrista base e guitarrista solo atrás, com o baterista e o guitarrista base [grave] ao fundo. Tudo suficientemente calculado.
E então começou. As músicas foram sendo tocadas, quem sabia começou a cantar junto, quem não sabia olhava feliz pra animação de todo mundo naquele lugar. Os amigos mais próximos gritavam e ao final de cada música aclamavam pela próxima. Aliás, não há nada melhor do que terminar uma música e ouvir os gritos e os aplausos numa melodia uníssona e vibrante. É indescritível.
Ao final do show, os gritos por “Mais um, mais um, mais um” nos deixaram felizes demais e ali soubemos que a apresentação realmente foi a que sempre sonhamos em fazer.
Depois disso não fizemos mais apresentações. Os ensaios mal rolaram e ficou somente a lembrança da época, da banda e do show. Coisas que nunca mais vou conseguir esquecer.

Playlist:

1985 - Bowling for Soup
I’ve got you - McFly
I wish you were here - Incubus
Snow - Red Hot Chilli Peppers
All the small things - Blink 182
A mais pedida - Raimundos (participação especial da Sá - amiga)
Mantém o respeito - D2 (baixista no vocal)
Te ver - Skank (Planta e Raiz)
Natiruts reggea power - Natiruts


quarta-feira, 14 de julho de 2010

Sábado Parte 1


They come as one
As one they go
Out of the wasteland
No one to fall
Invincible
They will return
(Invincible, Nocturnal Rites)


Como eu avisei no post abaixo, essa história é boa. Tudo começou no 2o colegial, em uma idéia genial de alguns garotos que perceberam a aceitação dos colegas quando se juntavam pra tocar nos corredores do colégio.
As rodinhas, no começo, se formavam interessadas. Depois de um tempo, surgiam apressadas e eufóricas. E, não demorou muito, já aguardavam ansiosas para ouvir músicas naqueles poucos, mas suficientes, 15 minutos de intervalo.
Geralmente [não] bastavam 2 violões para que a turma se juntasse e cantasse músicas atrás de músicas. Mas um infeliz tinha que aparecer e começar a cantar junto.. A voz alta ajudava a dar destaque, mas não bastava isso. O rapaz [já alto como sua voz] tinha que ser amigo das reais estrelas e, como tal, se sentar ao lado deles nas cantorias. Com o tempo, a companhia se tornou parceria e as músicas começavam a fazer sentido na voz altamente intrometida deste que voz fala.
Eis que surgiu a idéia genial que quase todo garoto de 15, 16 [17, 18, 19, 20, 21...] anos já teve: “Vamos fazer uma banda?”.
Pronto, a animação tomou conta de todos os, a princípio, 4 integrantes. Nem me darei ao trabalho de detalhar os primeiros quatro, já que os outros dois vieram logo em seguida, fechando o grupo que me fez passar, por 6 meses, o melhor semestre que já tive em 19 anos.
O grupo começava pelo baterista, de 19, ou 20 anos na época, que era hilário. O jeito de falar do cara já te fazia preparar o riso antes mesmo dele terminar as [intermináveis] besteiras que não cansava de dizer. Sem falar no jeito de mano, que se confirmava nas roupas largadas e no boné que nunca tirava da cabeça; tudo garantindo um ar de “diferente“ no mais velho do grupo.
O segundo era ainda mais fanfarrão. Adorava imitar os professores e fazia as piadas mais sensacionais. Entrou como guitarrista base e, logo no primeiro ensaio, nos fez morrer de rir: Chegou atrasado, com sua guitarra novinha, com as cordas todas virgens [o que atrapalhava um pouco, à medida em que iam laceando enquanto o ensaio rolava, nos obrigando a parar o tempo todo pra afinar o instrumento]. Todo empolgado nos encontrou no corredor do estúdio, capa nas costas com a guitarra tão sonhada. Abriu com tudo a capa já gritando: “Olha galera, minha guitarra nov...” POW! E de um sorriso infantil o rosto do garoto foi pra um olho lacrimejando por ver seu instrumento no chão, já com uma rachadora na base. Enquanto isso, os olhos maldosos dos “colegas” lacrimejavam de tanto rir da mudança repentina da fisionomia do pobre rapaz.
O terceiro era o mais quieto. Guitarrista base, ele teimava em afirmar que sua guitarra estava afinada corretamente quando, nitidamente, o som saía muito mais grave. No fundo foi bem legal. O grave da guitarra dele não atrapalhava nem um pouco, pelo contrário, dava um som ainda mais pesado nos ensaios, o que extasiava o grupo enquanto tocavam.
O quarto era o guitarrista solo. Carioca, era “pouco” zuado pelos colegas. Mas tinha uma habilidade incomum de quem tem um talento nato pra tocar guitarra.
O quinto era um músico de verdade. Sabia tocar [muito bem] bateria, guitarra, mas concordou [pra nossa sorte] em tocar baixo - que aprendeu a dominar sozinho e dominava, de fato, como poucos. Simplesmente um cara que nasceu pra lidar com música, queria eu saber o que se fez desse colega que, na época, era engraçado demais, também. Espontâneo pra caramba, seu jeitão “Charlie Brown Anos 90” fazia todos raxarem o bico a cada momento, sendo um dos principais criadores de gírias [também conhecidas por Internas] do grupo.
E o sexto era eu, que na época fingia cantar enquanto, no fundo, só estava feliz por fazer parte daquela galera sensacional.
E a rotina do grupo era simples. Acordar pensando em música, passar as aulas falando de música, tocar nos intervalos e, duas vezes por semana, ensaiar no estúdio do Nicolai [mais uma figura que mereceria um post só pra si].
Nos fins de semana, levar os violões na casa de algum dos colegas e passar, desde sexta depois da aula, até domingo ao final da tarde, tocando música, fazendo churrasco, bebendo cerveja e falando besteira. E daí veio a gíria do grupo, que mais tarde viraria o “nome” da banda.
A festa de cada sexta após o sinal para o fim da aula fez com que, em um momento de genialidade único, um dos colegas gritasse: “Agora é sábado!”. O choque inicial levou apenas dois segundos até que todos concordassem que, à partir de sexta às 13hs, o dia se tornava “Sábado Parte I” ou, como viria a chamar a banda, em um momento de criatividade única, “Saturday Part I”.

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Guitar

"No one's gonna take me alive
The time has come to make things right
You and I must fight for our rights
You and I must fight to survive
"
(Knights of Cydonia, Muse)


De vez em quando eu mesmo me supreendo com o modo com o qual eu aprendo certas coisas. Porque em várias oportunidades a "luz" vem simplesmente do nada. Sério, quantas vezes eu simplesmente parei pra pensar sobre algo que não conseguia fazer e, de um segundo pra outro, tudo passou a fazer sentido; tudo se mostrou fácil e, de certo modo, bobo.
E isso acontece desde coisas banais - como passar "One" no Guitar Hero III [sim, demorei dias até conseguir passar, no Hard] - até coisas realmente complicadas, como um exercício a fazer, um trabalho a entregar, um texto a entender e/ou um instrumento, de verdade, a tocar. E em se tratando de um instrumento, tem um que, em especial, sempre tive vontade de aprender, mas nunca tive muita familiaridade.
Mas acontece que há dias minha paixão por violão voltou. E ela vem desde criança. Aliás, não só a paixão por violão, mas a paixão pela música em si.
Já quis tocar saxofone, já aprendi a tocar teclado [e já esqueci tudo], já aprendi a tocar bateria - nos intervalos entre as aulas de teclado - [e adoro, só nunca tive grana pra ter uma, para a sorte do ouvido alheio], já quis tocar violão e guitarra, já fiz parte de duas bandas ao longo desses meus 19 anos, e nas duas não passei de um mero boneco de Olinda cantando à frente de grandes músicos, com os quais tive a sorte de fazer amizade por um tempo.
Aliás, na segunda vez em que me fingi artista e disfarçava uma cantoria em um grupo musical, posso dizer que passei pelos melhores dias da minha vida. [Essa história é ótima e merece outro post]
Enfim, a música sempre me fascinou demais. E nesses últimos dias, em função de uma série de músicas sensacionais que recebi, dos artistas mais inesperados, e das quais gostei [sabe-se lá como], acabei retomando minha paixão pela música e, então, pelo violão.
Em uma determinada noite dessas últimas semanas, revendo um depois de muito tempo, parei pra pensar e, tal como em "One", simplesmente "saquei' como fazer pra tocá-lo. Sim, é disso que eu falava. O modo de segurar as notas, o esquema das batidas nas cordas, tudo. Tudo pareceu fácil e me inspirou a correr atrás dessa vontade que sempre tive.
Não sou muito fã de generalizações, mas nunca estive errado quanto à esse feeling. E agora eu sei que, se correr atrás, não vai ser difícil, finalmente, aprender a tocar violão e, sobretudo, ou prioritariamente, aprender a tocar - como uma homenagem que não poderia deixar de prestar - as músicas sensacionais, dos artistas inesperados.
Uma coisa eu tenho certeza, queria eu que a "luz" que me bateu e me fez sentir que posso tocar violão batesse também em "Knights of Cydonia" no Expert do Guitar Hero III. Eita música difícil! É bem capaz que eu aprenda a tocar One de verdade antes de passar esse inferno no videogame. Tenso.

sábado, 10 de julho de 2010

Simples assim


"And I find myself in a bitter fight
While I've held your hand through the darkest night
Don't know where you are coming from
But you're coming soon"
(Nothing left to lose, Mat Kearney)


Não é fácil. Eu me peço todo dia pra conseguir terminar um texto que seja para este blog. Nos momentos em que consigo [ou não] te tirar da cabeça [por uns 10 ou 15min] eu procuro fragmentos do meu dia capazes de gerar uma boa história [ou não]. E se enganar minha cabeça por 15 min que sejam já é difícil, imagina então tentar enganar tudo o que volta depois desse tempo.
Não é fácil. Acordar e instintivamente já olhar para a cabeceira da cama procurando o celular [e algo que ele possa estar trazendo consigo que, com certeza, vai me deixar feliz]. Isso quando não é o próprio celular que me acorda e, como em um passe de mágica, me faz despertar da melhor maneira possível: com as melhores palavras [que me trazem as melhores imagens à mente] ou, na melhor das hipóteses, com a melhor das vozes me dizendo “Bom dia!”.
Não é fácil. Sobretudo quando eu acordo e não vejo nada de novo. A vontade que me dá de pegar o celular e ligar pra você só é menor do que a raiva que eu sentiria de mim mesmo ao te imaginar acordando por minha causa. Porque só de te imaginar tranquila, sem pressão nenhuma, sem responsabilidade nenhuma, somente com os melhores pensamentos vagando pela sua cabeça - coisas que eu adoraria ser capaz de te fazer sentir o tempo todo - já me sinto na obrigação de me segurar, de me controlar. E, dessa vez, por incrível que pareça, faço isso com a maior facilidade do mundo.
Porque é fácil tomar qualquer decisão que me dê a certeza que te fará bem.
É fácil ser compreensivo, ser atencioso, ser carinhoso quando eu sei que, no fundo, te ver feliz com isso vai me fazer muito feliz, também.
Fica mais fácil ainda quando eu vejo nos seus olhos que tudo isso está te fazendo bem. Quando percebo no seu riso [sobretudo naquele engraçado] que a sua alegria é intensa e sincera. Quando leio o que você escreve e vejo que cada letra é o espelho exato de tudo o que eu mais queria que você sentisse.
Enfim, você torna fácil a minha tarefa de cuidar para que tudo seja como é, para que tudo corra como está correndo, da forma natural, tranquila e segura.
Porque é muito fácil gostar de você.

sábado, 3 de julho de 2010

Crisando


"I wonder what you're doing
Imagine where you are
There's oceans in between us
But that's not very far"
(Blurry, Puddle of Mudd)

Sim, eu sei que há tempos não escrevo. Mas que culpa eu tenho se a culpa não é minha?
Porque nesse meio tempo eu poderia ter escrito [e juro que tentei] sobre várias coisas. Esbocei contar a história da barraquinha de abacaxi que vi aqui em Jundiaí:
Voltando do trabalho procurando por algo engraçado me deparei com uma barraquinha vendendo abacaxis. Mais curioso do que encontrar uma barraquinha de abacaxi em um lugar onde não passam nem 100 carros por dia, achei engraçado o nome da barraca: Abacaxi Pérola - Direto da Roça!(sic)
Estava lá pra cada jundiaiense ver. Ou, pelo menos, pra cada um dos que passassem nos [nem] 100 carros que por ali transitam por dia. Estava escrito como se Jundiaí fosse a maior cidade do mundo. Afinal, se o abacaxi vinha direto da roça, Jundiaí seria o que então? Mais correto seria estar escrito: “Direto da roça pra frente da sua casa na roça, irra!
Pensei em tirar sarro dos(as)[(a)] paulistanos(as)[(a)] pelo fato de ter aparecido uma cabritinha em plena Avenida Paulista há alguns dias, enquanto nunca vi sequer uma vaca na zona urbana de Jundiaí. [IÉ]
Pensei em falar do Palmeiras. Fazer um texto em homenagem ao meu time do coração. Mostrar como vou fazer de tudo pra ver o jogo de despedida do Palestra Itália. Enfim, mostrar a dimensão que o Verdão tem na minha vida; mas desde o começo do blog prometi a mim mesmo não falar de futebol. E assim vai ser. [=(]
Pensei em fazer as homenagens que prometi a pessoas que marcam meus dias, mas não seria justo falar delas por falar. E elas sabem disso. Sabem que quando eu escrever sobre elas, eu vou escrever pensando em tudo o que elas representam pra mim, não vou simplesmente escrever coisas bonitas e contundentes pra cumprir “como der” a promessa que fiz.
Pensei em colocar mais um poema, pensei em colocar mais um[O] soneto - com os quais ando encarnado ultimamente, seja pela dificuldade de se fazer um, seja pela fascinação com quem consegue fazê-los parecer tão fáceis e naturais - e pensei, até, em simplesmente escrever uma palavra, ou uma frase, talvez. Algo como: Tenso, Feliz, Crisando[no título ficou melhor] ou “Giggle tous les jours”.
Mas não dá. Nada que eu escreva parece honesto. Porque, no fundo, não é sobre isso que eu quero falar. Não é nisso que eu estou pensando.
E o mais legal de tudo isso é falar, com um - aí sim - sincero sorriso no rosto: a culpa não é minha.

quarta-feira, 30 de junho de 2010

XVII


"Quando da bela vista e doce riso

Tomando estão meus olhos mantimento,

Tão elevado sinto o pensamento,

Que me faz ver na terra o Paraíso.

Tanto do bem humano estou diviso,

Que qualquer outro bem julgo por vento:

Assim que em termo tal, segundo sento,

Pouco vem a fazer quem perde o siso.

Em louvar-vos, Senhora, não me fundo;

Porque quem vossas graças claro sente,

Sentirá que não pode conhecê-las.

Pois de tanta estranheza sois ao mundo,

Que não é de estranhar, dama excelente,

Que quem vos fez, fizesse céu e estrelas."


Já diria Camões...

sábado, 26 de junho de 2010

Mente inconveniente

"Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento"
(Soneto de Fidelidade, Vinícius de Moraes)

Não dá, eu precisava escrever sobre isso. Ainda que às 2hs da madrugada. Ainda que com muito sono. Ainda, ou melhor, sobretudo porque não tinha parado pra raciocinar sobre o assunto.
E é justamente esse o ponto: raciocínio. Desde pequeno[SIM, já fui pequeno] eu criei [ou fui levado a criar] certos bloqueios, certas barreiras, as quais me fizeram acreditar que precisava ter muito tempo pra pensar no que fazer, antes de fazer qualquer coisa. Não vou conseguir citar situações como essas, mas acredito que não sejam tão difíceis de se imaginar.
O fato é que esse tempo pra pensar tomava[toma] o tempo de agir e eu acabava[acabo] pensando muito e chegando à conclusão de que não vale à pena arriscar; ou porque a hora de arriscar já tinha passado[passou?] enquanto eu pensava, ou porque realmente havia[há?] algo que faça não valer o risco.
Mas há momentos em que as coisas realmente passam a acontecer como nunca aconteceram.
E pra mim é muito nítido que as coisas não estão normais quando começam a chover clichês e frases prontas, justamente como aquelas que eu sempre achei[acho][acho?] besteira dizer, como: “Está tudo acontecendo rápido demais”, “Não quero confundir as coisas” e coisas do tipo.
Agora vem a parte mais difícil de [d]escrever... têm horas em que tudo - sentimentos, ações, pensamentos e reações - fazem o maior sentido do mundo. Tudo flui facilmente e não há motivos pra se pensar. Mas têm horas em que "a ficha parece cair". Mas não é que a realidade volte trazendo consigo a verdade e a coerência. Não. Essa realidade que volta só confunde mais as coisas.
E é muito estranho, chega a ser cômico. Em um momento tudo faz sentido e faz bem. Estar onde estou, com quem estou, escutando o que escuto e falando o que falo. No instante seguinte bate a dúvida: “Que que eu tô falando? Quanta bobagem. Que que eu tô fazendo? Que que eu tô fazendo aqui?”. E é nesse instante - que acaba de chegar, derrubando o sentido do texto - que eu volto a raciocinar. Inevitavelmente. Inoportunamente. Inconveniente mente.

terça-feira, 22 de junho de 2010

Quem sabe um dia...

"Is it getting better?
"Is it getting better?
Or do you feel the same?
Will it make it easier on you now?
You got someone to blame"
(One, U2)

Não dá pra entender. Nem o The Sims explica pessoas do mesmo signo se dando tão bem. Como explicar as que se separam por 1 dia?
E é engraçado como um dia pode ser várias coisas ao mesmo tempo. Nesse caso 1 dia significa muito. Por vários motivos.
A começar porque 1 dia separou os dois por quase 1 ano e meio. Enquanto o dia na Cásper de um terminava de manhã, o dia do outro começava a tarde, quando o dia do primeiro já estava longe.
Também porque 1 dia separa os aniversários dos aquarianos mais malucos que o Mundo, a Cásper e o JUCA já viram.
Aliás, 4 dias de JUCA. Mas num é que conseguiram aproveitar cada momento pra fazer piadas, dar foras, dar risadas, dar foras, inflar o ego, comer pizza, dar foras, fazer piadas, assistir jogos e, ah, dar foras. Sim, os foras foram os que mais se repetiram. No entanto nenhum dos dois parecia ligar ou se intimidar.
E 1 dia separavam aqueles cuja previsão eram apenas 4. Afinal, em [bem] mais de 365 não haviam sequer se cruzado. Porque haveria de ser diferente dali pra frente? No fim das contas os foras pareciam necessários. Era o que ligava o jeito de um para com o outro. Era engraçado; é engraçado.
Isso porque, em um dia, o tabu que os separava se quebrou. Uma prova, um dia alterado pra noite [tal qual o do outro] e o Oi acabou vindo como se fosse inevitável. Quis o destino que fosse justamente no aniversário de uma pessoa querida em comum. Justamente em um aniversário. Não poderia ser em outro dia.
E aí se seguiram mais piadas, mais sorrisos, mais foras... E veio a noção de que não precisaria continuar a ser um tabu o fato de um dia os separar. O telefone, que só um pegou, o MSN, que só o outro pegou, mostraram aos aprendizes de Comunicação que o que eles se propuseram a aprender por 4 anos pode ajudar a manter o que 4 dias apresentaram.
Quem sabe um dia a gente aprenda.

sexta-feira, 18 de junho de 2010

TOP 15

"When I say to you that theres nothing else to do in my room
And when you say to me that theres really nothing else to do
Then I'll get up and freakin walk around and try not to blink
Then I'll get out of here and say that theres nothing to do"
(Nothing to do, 2Pac)


Sim. É estranho. Mas fazer o que? Cresci ouvindo esse e outros tipos semelhantes de música enquanto esperava a van me levar pros melhores colégios particulares da cidade. A cara de Nerd não gera desconfianças, até pelo fato deste não ser minha única preferência musical. Mas, de qualquer forma, não faço questão nenhuma de esconder o que curto. Curte também? Aproveita. Não curte? Sei lá, faz o que quiser.

Foi difícil escolher 15 dentre as mais de 100 músicas que eu tenho do gênero. Mais difícil ainda ordenar porque, dentre estas, não tenho muito o que diferenciar. Fui pela música, pela história, pela sensação que passam.

Senhoras e senhores: Black Music.

PS: Fica registrado, aqui, um abraço ao colega de Palmeiras, colega de profissão(já que num precisa de diploma mesmo, porque não), colega de Blogspot, colega de música, enfim... ao amigo DaLua. Boa sorte, cara!


15-) Baby Boy Da Prince -The Way I Live


14-) Flo-Rida ft. Will.I.Am and Fergie - In the Ayer


13-) Baby Bash ft. T-Pain - Cyclone


12-) 50 Cent ft. Olivia - Candy Shop


11-) T.I. and PSC (Pimp Squad Click) ft. Young Droop - Do Ya Thang


10-) Flo-Rida ft. T-Pain - Low


9-) 50 Cent - In da Club

8-) Lil Jon and The Eastside Boyz ft. Ying Yang Twins - Get Low


7-) Ne-Yo - Mad


6-) Eminem - Lose Yourself


5-) Cassie - Me and you


4-) Jay-Z ft. Alicia Keys - Empire State of Mind


3-) Ludacris - Act a Fool


2-) DJ Unk--Walk It Out


1-) Chamillionaire ft. Krayzie Bone - Ridin' Dirty

-------------------------------------

Na boa, não tinha visto mais da metade destes clipes, mas as músicas eu tenho, curto e, pra quem interessar, recomendo. Tentei achar os clipes oficiais de todas mas pra algumas nem rolou. Enfim, é isso. Críticas, elogios e sugestões à vontade.

sábado, 12 de junho de 2010

Sua cara!

"Help! I need somebody...
Help! Not just anybody...
Help! I know I need someone...
Heeeeeelp!"
(Help!, The Beatles)


Adoro quando alguém diz "Sua cara" quando revelo algo que fiz ou falei ou pensei. Porque, no fundo, [lá vem o mimimi] isso mostra que eu passo uma identidade. Agora, de vez em quando, nem eu mesmo sei se tenho ou quero ter mesmo a identidade que eu passo.
Tá, ficou confuso. Mas é simples. Nas últimas semanas fiz algumas coisas que me deram um estereótipo um tanto quanto pesado. A imagem de uma pessoa altruista ao extremo, que adora ajudar as pessoas e pensa nos outros o tempo todo. A princípio uma boa imagem, mas acaba se tornando algo irreal e, logo, um peso com o qual eu não sei se consigo lidar. Vou dar um exemplo; a história é longa, mas vale a pena [eu acho].
Na última sexta-feira eu esqueci que a bateria do meu celular tinha acabado e que, logo, não despertaria. Acordei às 6hs [2hs de atraso] com créditos ao sr. de Paula. Saí correndo pensando que o último ônibus que poderia pegar para Sampa era o que saía às 6h20 de Jundiaí; caso contrário iria de trem pra, já que ia chegar atrasado mesmo, pelo menos economizar a grana. Quando cheguei na garagem dos ônibus vi um deles saindo e pensei: "Fudeu. Agora vou de trem."
No caminho para o Terminal Ferroviário, que fica a 100 metros da garagem de ônibus, eu vi um cara quase no meio da rua andando despreocupado. Só depois de uns 5 segundos olhando pro sujeito percebi que ele usava uma bengala e, 1 segundo depois, que era cego. Pensei: "Já tô ferrado mesmo" e me apressei em direção ao cara:
"- Ei! O senhor tá no meio da rua! Quer ajuda? Tá indo pra onde?"
"- Opa, quero sim. Tô indo pro fim da rua ali. Quero ir pra padaria. Pra padaria no fim da rua ali. Na padaria."
Enquanto eu achava engraçado o fato do ceguinho falar "ali" eu apoiava a mão esquerda dele no meu ombro. Ele sem a menor pressa ia andando e dando bengaladas no chão enquanto eu tentava tirá-lo rapidamente do meio da rua.
Durante o caminho até "ali" eu ficava atento aos obstáculos enquanto ele resmungava coisas que variavam entre "Deus me ajuda", "Pegaram até meu boné. Nem ligo." e "Mas também! Olha o tamanho do rapaz. É o Magic Johnson!(sic)"
Depois de 8min guiando o senhorzinho e de deixá-lo na padaria [até onde ouvi] gritando "Seu Joel! Seu Joel! O rapaz me troux...", eu fui correndo pro Terminal; já pensando em ligar pra algum colega e ver como eu resolveria o fato de que teria prova na primeira aula e chegaria atrasado.
No caminho olho novamente pra garagem dos ônibus e vejo um parado, com passageiros embarcando rumo a São Paulo; e percebo que o primeiro que vi saíra atrasado e que este seguia o mesmo caminho.
Corri pra garagem e pedi para o motorista esperar, que era urgente. Enquanto ele resmungava, comprei a passagem e me joguei dentro do ônibus; feliz da vida [sim, porque ajudei o ceguinho, mas também porque, pelo ônibus estar atrasado, o motorista iria voando pra São Paulo e, logo, eu chegaria em cima da hora. Mas ainda a tempo de arranjar uma desculpa pra fazer a prova].
Moral da história: ajude ceguinhos! Brincadeira. É um bom conselho, mas não é essa a moral.
Falando sério, às vezes parece que eu conto e faço as coisas pensando em como eu vou ser visto por fazer ou falar essas coisas. Não queria que fosse assim. Também não queria passar a impressão de que ajudo qualquer um. Não é verdade. Não sou Gandhi, nem Jesus[, nem Magic Johnson]. Me sinto bem, sim, quando ajudo alguém. Mas num me sinto na obrigação de ajudar a todos só porque, nos últimos dias, têm aparecido situações que me exigiram uma atenção especial ao que se passava ao meu redor. Salvo raras excessões, como esta, eu ajudo quem eu gosto, porque quero. Não é por caridade, por altruismo, muito menos por obrigação ou por medo de ficar com peso na consciência.
Quero passar uma boa impressão? Sim. Formar uma boa identidade? Com certeza. Mas, assim como todo mundo, quero fazer simplesmente o que me faz bem. Só isso.

quarta-feira, 9 de junho de 2010

All-in

"Popopopoker face
Popopoker face
Mamamama...
"
(Poker Face, Lady Gaga)
-------------------------
-------------------------
Eu aposto que você adorava fazer aquela brincadeirinha maldosa, a famosa “travessura” quando era criança. Aposto que se sentia “A” criança malandrona quando fazia alguma coisa errada... Até descobrirem, óbvio. Aposto que adoraria encontrar um lugar onde seus maiores defeitos se tornassem as mais valorosas das virtudes.
Sabe, eu achei. Tá certo que não é bem um “lugar”, mas o importante é o que importa. Porque eu dificilmente me sinto mais a vontade em qualquer outro lugar do que em um jogo de Poker.
A começar pelo fato de que um jogo de Poker não começa sendo só um jogo de Poker. Antes rola o churrasco, as conversas, as piadas, de vez em quando um futebol, um pingue-pongue ou qualquer outro jogo que dê vontade de jogar na hora.
Mas, é quando o Poker vira apenas Poker que eu me sinto em casa. Porque é nessa hora que alguns daqueles defeitos chatos que eu tenho viram qualidades.
É nessa hora que eu posso ficar quieto, sossegado; mesmo estando rodeado de pessoas que eu considero. É nessa hora que eu posso ser competitivo sem limites, porque tudo depende de mim. Se eu perder, foi porque errei. Não tenho o direito de explodir com ninguém; como sempre acontece em outro tipo de jogo; como eu sempre sei que vai acontecer, mas nunca consigo controlar e, como sempre, me arrependo.
Também é nessa hora que eu posso me testar sem problema algum. Ver até onde eu consigo ser convincente, até onde posso me superar, e até mesmo até que ponto consigo ser “O” malandrão e enganar quem tá jogando comigo. Exatamente como gostava de fazer quando era criança.
Também adoro apostar, o que no Poker é fundamental [Ah vá! ¬¬]. E nessa hora gostar e, principalmente saber apostar, intimidar, arriscar é essencial.
E por fim, num jogo de Poker eu posso ficar observando a reação das pessoas, não só às apostas, mas sob qualquer circusntância. A diferença é que no Poker ninguém acha isso estranho. Ficar olhando fixamente pras pessoas, aprender com seus gestos, suas ações, suas reações.
No fim das contas, de duas uma: ou o jogo vira brincadeira de criança ou, pelo menos, viro “A” criança malandrona de novo.

terça-feira, 1 de junho de 2010

Sonâmbulos Anônimos

"Felicidade é como a pluma,
Que o vento vai levando pelo ar.
Voa tão leve, mas tem a vida breve.
Precisa que haja vento sem parar..."
(A Felicidade, Tom Jobim e Vinícius de Moraes)


Não precisa ser muito. De vez em quando "apagar por umas 2 horinhas" já é o suficiente.
Não sei até que ponto dormir [bem] faz bem à saúde mas, bem ou mal, dormir tem me ajudado a esquecer tudo de ruim que me acontece e/ou me perturba ao longo dos dias. Acho que virou rotina, dependência talvez.
Dormir bem nunca foi meu forte. A insônia nunca me deixou descansar tanto quanto eu sempre gostaria. Por vezes me irritei por ter ido me deitar às 10 da noite e, quando bateu a curiosidade [preocupação], o relógio me dizer que já era 1h da manhã.
Acho que com isso eu já me conformei. Não consigo me concentrar em dormir. A cabeça não deixa. Insiste em ficar me mostrando flashes de todos os momentos marcantes, não só os tristes [Ufa!], mas simplesmente marcantes que fizeram parte do meu dia. Portanto percebi que não seria prudente fazer disso [mais] uma preocupação. Simplesmente fico pensando, de pirraça; testando minha cabeça; vendo até onde ela aguenta sem descansar. E então, uma hora ou outra, o apagão chega.
E o sono, ainda que em gotas, se tornou a mais eficiente válvula de escape. Não pelos sonhos, que, aliás[, compreensivelmente], vêm sumindo. Mas sim pelo simples fato de se desligar daquele dia.
Parece que só apagando eu consigo esquecer, tanto dos probleminhas que surgiram nas últimas 24 horas, quanto dos [muitos] "grandes problemas" que, cada um em um dia[, ou até todos de uma vez em outros], voltam à tona e me deixam mal.
Até por isso, então, parei de achar ruim quando o despertador toca aquela música [em volume madrugadamente alto, ainda que seja uma melodia] calma e animadora. Não acho mais tão ruim. Mesmo eu só tendo "apagado por umas 2 horinhas". A questão não é quantidade, não mais. A força não vem, ou não tem vindo, das horas de sono; mas simplesmente do sono, em si.
A música que me acorda, afinal, só está me tirando aquilo cuja única função passou a ser a de me [re]fazer calmo, consciente, coerente, completo [e qualquer outro adjetivo legal que comece com "c"].
Missão cumprida? Dane-se o sono, então. Quem precisa dormir quando se está de bom humor?

sexta-feira, 28 de maio de 2010

Começando

"De repente, não mais que de repente"
(Soneto da Separação, Vinícius de Moraes)


O primeiro passo é o mais difícil.
Como fazer pra não fazer o que já foi feito? Dúvida cruel pra quem pretende mostrar um pouco de si mesmo querendo, como principal objetivo, acrescentar mais do que alguns toques nos olhos de quem se dispôs a lhe prestigiar.
Antes de mais nada, [e, com certeza, não terá mais nada adiante,] gostaria de agradecer a quem, por ventura, tropeçar neste espaço e decidir aproveitar o tombo pra conhecer um pouco mais deste que vos fala.
Acho que o mais importante, agora, é terminar esse post debutante, com seus trocadilhos infames e [encaminhar] seus comentários prolixos [pro lixo].
Até a próxima! [Opinem na enquete! ;D]