quarta-feira, 14 de julho de 2010

Sábado Parte 1


They come as one
As one they go
Out of the wasteland
No one to fall
Invincible
They will return
(Invincible, Nocturnal Rites)


Como eu avisei no post abaixo, essa história é boa. Tudo começou no 2o colegial, em uma idéia genial de alguns garotos que perceberam a aceitação dos colegas quando se juntavam pra tocar nos corredores do colégio.
As rodinhas, no começo, se formavam interessadas. Depois de um tempo, surgiam apressadas e eufóricas. E, não demorou muito, já aguardavam ansiosas para ouvir músicas naqueles poucos, mas suficientes, 15 minutos de intervalo.
Geralmente [não] bastavam 2 violões para que a turma se juntasse e cantasse músicas atrás de músicas. Mas um infeliz tinha que aparecer e começar a cantar junto.. A voz alta ajudava a dar destaque, mas não bastava isso. O rapaz [já alto como sua voz] tinha que ser amigo das reais estrelas e, como tal, se sentar ao lado deles nas cantorias. Com o tempo, a companhia se tornou parceria e as músicas começavam a fazer sentido na voz altamente intrometida deste que voz fala.
Eis que surgiu a idéia genial que quase todo garoto de 15, 16 [17, 18, 19, 20, 21...] anos já teve: “Vamos fazer uma banda?”.
Pronto, a animação tomou conta de todos os, a princípio, 4 integrantes. Nem me darei ao trabalho de detalhar os primeiros quatro, já que os outros dois vieram logo em seguida, fechando o grupo que me fez passar, por 6 meses, o melhor semestre que já tive em 19 anos.
O grupo começava pelo baterista, de 19, ou 20 anos na época, que era hilário. O jeito de falar do cara já te fazia preparar o riso antes mesmo dele terminar as [intermináveis] besteiras que não cansava de dizer. Sem falar no jeito de mano, que se confirmava nas roupas largadas e no boné que nunca tirava da cabeça; tudo garantindo um ar de “diferente“ no mais velho do grupo.
O segundo era ainda mais fanfarrão. Adorava imitar os professores e fazia as piadas mais sensacionais. Entrou como guitarrista base e, logo no primeiro ensaio, nos fez morrer de rir: Chegou atrasado, com sua guitarra novinha, com as cordas todas virgens [o que atrapalhava um pouco, à medida em que iam laceando enquanto o ensaio rolava, nos obrigando a parar o tempo todo pra afinar o instrumento]. Todo empolgado nos encontrou no corredor do estúdio, capa nas costas com a guitarra tão sonhada. Abriu com tudo a capa já gritando: “Olha galera, minha guitarra nov...” POW! E de um sorriso infantil o rosto do garoto foi pra um olho lacrimejando por ver seu instrumento no chão, já com uma rachadora na base. Enquanto isso, os olhos maldosos dos “colegas” lacrimejavam de tanto rir da mudança repentina da fisionomia do pobre rapaz.
O terceiro era o mais quieto. Guitarrista base, ele teimava em afirmar que sua guitarra estava afinada corretamente quando, nitidamente, o som saía muito mais grave. No fundo foi bem legal. O grave da guitarra dele não atrapalhava nem um pouco, pelo contrário, dava um som ainda mais pesado nos ensaios, o que extasiava o grupo enquanto tocavam.
O quarto era o guitarrista solo. Carioca, era “pouco” zuado pelos colegas. Mas tinha uma habilidade incomum de quem tem um talento nato pra tocar guitarra.
O quinto era um músico de verdade. Sabia tocar [muito bem] bateria, guitarra, mas concordou [pra nossa sorte] em tocar baixo - que aprendeu a dominar sozinho e dominava, de fato, como poucos. Simplesmente um cara que nasceu pra lidar com música, queria eu saber o que se fez desse colega que, na época, era engraçado demais, também. Espontâneo pra caramba, seu jeitão “Charlie Brown Anos 90” fazia todos raxarem o bico a cada momento, sendo um dos principais criadores de gírias [também conhecidas por Internas] do grupo.
E o sexto era eu, que na época fingia cantar enquanto, no fundo, só estava feliz por fazer parte daquela galera sensacional.
E a rotina do grupo era simples. Acordar pensando em música, passar as aulas falando de música, tocar nos intervalos e, duas vezes por semana, ensaiar no estúdio do Nicolai [mais uma figura que mereceria um post só pra si].
Nos fins de semana, levar os violões na casa de algum dos colegas e passar, desde sexta depois da aula, até domingo ao final da tarde, tocando música, fazendo churrasco, bebendo cerveja e falando besteira. E daí veio a gíria do grupo, que mais tarde viraria o “nome” da banda.
A festa de cada sexta após o sinal para o fim da aula fez com que, em um momento de genialidade único, um dos colegas gritasse: “Agora é sábado!”. O choque inicial levou apenas dois segundos até que todos concordassem que, à partir de sexta às 13hs, o dia se tornava “Sábado Parte I” ou, como viria a chamar a banda, em um momento de criatividade única, “Saturday Part I”.

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