sábado, 17 de julho de 2010

Saturday Part I



Fly along with me
I can't quite make it alone
Try to make this life my own
I'm looking to the sky to save me
Looking for a sign of life
Looking for something to help me burn out bright
I'm looking for a complication
Looking cause I'm tired of trying
Make my way back home when I learn to fly
(Learn to fly, Foo Fighters)


O ápice da banda foi, com certeza, no aniversário do baterista. Foi tudo planejado. Faríamos uma apresentação única [que, no final, acabou sendo única mesmo, porque só fizemos esta].
Enquanto acertamos [só o horário de] um último ensaio - coincidências à parte - em um sábado, o baterista já tinha acertado de chamar uma equipe de som e alugar amplificadores pra todo mundo. Tudo pra que o “show” fosse perfeito.
Os detalhes da apresentação eram acordados enquanto, no ensaio, todo mundo parecia estar dormindo. Deu tudo errado.
Alugamos o estúdio de gravação do Nicolai [o melhor] por 3 horas. E, é sério, em nenhum dos 180 minutos conseguimos tocar uma música sequer sem erros. Foi uma mistura de nervosismo pré-primeia apresentação, com uma prepotência de quem achava que já estava craque nas músicas que tinham se proposto a tocar.
A ordem das músicas já tinha sido definida dias antes e, inclusive, já tínhamos feito ensaios seguindo a ordem. Mas a idéia de que aquele ensaio era pra valer mexeu com o pessoal.
Faltando meia-hora pra acabar o horário, simplesmente desistimos. Saímos do estúdio sem os instrumentos e sentamos no lado de fora, cabisbaixos, e com um conformismo inaceitável no peito.
Pegamos [compramos] uns amendoins e umas águas e ficamos sentados naquele sábado à noite. A garagem protegia do sereno e do vento e deixou o grupo à vontade pra simplesmente ficar olhando pro céu estrelado e tentando se reanimar.
Sabe-se lá de onde tiramos forças, mas simplesmente deu vontade [quase que em uma epifania do grupo] de alugar o estúdio por mais 1 hora. Fomos, então, até o Nicolai que não negou.
Então alguns voltaram para a garagem, pegar mais um pouco de ânimo antes de voltar enquanto eu e o guitarrista solo voltamos pro estúdio brincar. Ele começava a tocar as músicas e eu acompanhava na bateria, cantando. Foi bem legal.
Dez minutos depois chegou o resto do pessoal e fizemos uma espécie de preleção antes de ensaiar pela última vez:
Bom, galera. Faltam 35 minutos e nosso playlist é de 9 músicas[das mais loucas e estranhas possíveis - vide final do post]. Vai ter que rolar de uma vez. Tal como se fosse no show. Então vamos fazer o que der e sair daqui, pelo menos, sabendo que fizemos o que podíamos. A gente sabe tocar essas músicas, já tocamos e vamos acertar essas filhas da p... pelo menos dessa vez, firmeza?
E começou. Um olho nos instrumentos/microfones e outro no relógio. Isso quando o olho não estava fechado, concentrado nas músicas que estávamos tocando.
E a primeira música foi simplesmente perfeita. Sem erro, sem quebra de ritmo, sem desafinação, nada. Terminando a primeira a empolgação tomou conta de todos, mas o baixista já puxou a segunda, lembrando que o tempo era curto. A animação foi ao máximo e a segunda rolou tão perfeita quanto a primeira.
A essa hora já era nítido o sorriso bobo de cada um dos 6 naquele estúdio. E assim se seguiram todas as outras 7... perfeitas! Sem nenhum errinho qualquer. Nada a reclamar.
Estouramos o tempo, sim. Pedimos desculpas ao Nicolai que, vai saber se pela alegria ou por saber que éramos clientes fiéis de seu estúdio, entendeu numa boa.
Só sei que nunca foi tão bom desmontar, guardar e levar tudo de volta. Foi sensacional!
Ríamos demais no caminho para os carros e não parávamos de dizer que se o ensaio foi tão bom, não tinha porque ter medo da apresentação. A confiança tomou conta.
Enquanto cada um ia pro seu canto, eu fui com o guitarrista solo e com o guitarrista base [grave] pra casa do último. Já com a voz meio estourada por 4 horas de ensaio e preocupado com o dia seguinte.
Chegando ao apartamento dele fui acalmado ao ver um spray de própolis com mel e, após espirrar umas 800 vezes o conteúdo do spray, evitei ao máximo falar o que quer que fosse. [Sim, foi difícil, porque eu falo muito pouco, sabe...]
Mas não consegui parar de rir quando, chegando no quarto onde dormiríamos, encontrei uma sacola deixada pra mim.
Minha mãe no papel de produtora, assessora e figurinista do vocalista da SPI simplesmente comprou uma kit completo pra eu usar no dia seguinte. Foi muito engraçado rir com os caras da corujice enquanto tirávamos cada peça da sacola. Tinha tudo. O boné, a camiseta, a bermuda, o tênis... Haha, tudo novinho.
Depois disso fomos pra sala ver um DVD do Pink Floyd, porque depois de todo o stress que rolou no estúdio, nada melhor que viajar com algo bem psicodélico.
Dormimos em seguida e sabe-se lá se foi sonho ou a imaginação que tomou conta da cabeça de cada um naquela noite.
No dia do show estava tudo preparado. Enquanto o pessoal comia churrasco e alguns se arriscavam a jogar bola na garoa, montávamos a aparelhagem em um quiosque pequeno, mas coberto, o que parecia ser fundamental sob o risco iminente de uma tempestade.
Terminado de montar, todo foram curtir enquanto eu fiquei por uma hora só falando “Som, sssssom, testando, tesssstando. Um, UM, um, dois, testando, ssssoom, soom, um, dois, três”.
No começo a vergonha apareceu, mas depois de levar uma bronca do técnico de som eu liguei o foda-se e foi tudo numa boa.
Legal foi quando pediram pro guitarrista solo ir ajustar o som [ele foi o último]. Porque enquanto ele ajustava, me chamaram e pediram pra darmos uma ensaiada rápida, o que ligou a atenção do pessoal que começou a se juntar no quisque.
Logo em seguida os outros caras da banda voltaram e começamos a nos arrumar pro show. Vocalista e baixista na frente, com guitarrista base e guitarrista solo atrás, com o baterista e o guitarrista base [grave] ao fundo. Tudo suficientemente calculado.
E então começou. As músicas foram sendo tocadas, quem sabia começou a cantar junto, quem não sabia olhava feliz pra animação de todo mundo naquele lugar. Os amigos mais próximos gritavam e ao final de cada música aclamavam pela próxima. Aliás, não há nada melhor do que terminar uma música e ouvir os gritos e os aplausos numa melodia uníssona e vibrante. É indescritível.
Ao final do show, os gritos por “Mais um, mais um, mais um” nos deixaram felizes demais e ali soubemos que a apresentação realmente foi a que sempre sonhamos em fazer.
Depois disso não fizemos mais apresentações. Os ensaios mal rolaram e ficou somente a lembrança da época, da banda e do show. Coisas que nunca mais vou conseguir esquecer.

Playlist:

1985 - Bowling for Soup
I’ve got you - McFly
I wish you were here - Incubus
Snow - Red Hot Chilli Peppers
All the small things - Blink 182
A mais pedida - Raimundos (participação especial da Sá - amiga)
Mantém o respeito - D2 (baixista no vocal)
Te ver - Skank (Planta e Raiz)
Natiruts reggea power - Natiruts


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